quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Setembro

Tenho muitas coisas pra falar e nenhuma vontade de escrever.
A primavera começou e isso só me faz lembrar duas coisas: primeiro o aniversário da minha princesa e, em segundo lugar, o fato de que pela primeira vez setembro não foi necessariamente o pior mês no ano (pelo menos não por enquanto...).
Minha princesa faria 17 no dia 21 de setembro de 2008, porém ela morreu no dia 18 de fevereiro. 7 meses sem ela. Aff! Não consigo falar nada mais do que isso, afinal de contas meu cérebro burro as vezes esquece que ela morreu e me faz levantar da cama procurando-a, na total expectativa de vê-la tomando o seu amado sol da manhã... Mais que isso, não sai! Eu ainda não consigo falar dela!
Entonces, mudarei bruscamente de assunto!
Historicamente setembro sempre é um mês ruim. O melhor ano da minha vida, com certeza teve algo péssimo no mês de setembro! É impressionante como o maldito mês 09 me deixa melancólica e carente. A vida é tão engraçada que no meu pior ano, meu pior mês nem foi tão ruim assim. Lógico que a morte de D. Gera pesou demais e o surto da minha também, mas as coisas no geral não pioraram.
Eu quase consegui... Entrei numa banda (sim! preparam-se! rs). Revi velhos amigos! Minha hamiga voltou, mesmo que por pouco tempo... Coisas boas...
Nesse exato instante tô "estranha" demais, por estar remoendo eventos que deveriam sumir da minha cabeça, mas a memória é um desgraça! Pra quem faz história e análise de discurso é uma desgraça maior ainda!
Tô tentando lembrar das coisas mais tenho a maldita consciência historiográfica que sempre me avisa que memória é algo seletivo e serve para dar suporte aos nossos anseios do presente, ou seja, algo que vivi e que naquele momento foi bom, pode ser retomado como uma fatalidade se os desdobramentos da situação não atendeu as minhas expectativas...Confuso! Aff! escrita confusa!!
Enfim...Pior é tentar lembrar do que foi dito, da entonação da fala só pra depois analisar tudo friamente...Pode piorar: basta ter consciência de que a lembrança do que foi dito vem de uma memória totalmente comprometida!
Por causa disso não falarei de setembros passados e, menos ainda, das setembradas desse ano. Ainda preciso digerir os últimos eventos e torcer para que setembro acabe, porque só assim desfrutarei a primavera.

PS: Odeio pessoas burras, logo odeio mais ainda me sentir burra! Quero realmente me achar esperta e corajosa, mas ainda não consigo. Só escuto uma voz na minha cabeça: BURRA! BURRA! BURRA!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Calma Grazi!!

Eu já sabia que a semana passada seria intensa. Só não pude prever o grau de intensidade!
Tive que fazer algo que detesto, porém necessário para minha confusão mental. O melhor nem foi a parte que consegui eliminar um problema e conquistar uma leveza de sentimentos...
O que eu mais gostei naquela noite foi do biscoito e do caramelo... Minhas doces amigas!
Fizemos o nosso programa básico: café (com açúcar e com afeto) e lama. Eu estava 100% nervosa, pilhada e cheia de faniquitos. Elas estavam do meu lado!
Eu havia passado o dia todo em casa me preparando para uma suposta tragédia, enquanto elas passaram o dia trabalhando...
Nem era problema delas, na verdade, nem era um problema... E mesmo assim elas foram me dar apoio moral...
Ai deus! Como foi engraçado! Eu lá esperando e elas esperando comigo. Quando eu comecei a ficar mais nervosa elas não me deixaram desistir e surtaram também. Segundos de silêncio, gargalhadas sem motivos, olhares para um ex- peguete que virou um homem lindo (pausa: minhanossasenhoraaaaaaa!! passamos mal!!), cerveja, cigarro, bolinhas de papel (muitas sra caraméeelo!), olhares assustados, a música ruim, passa um carro, passa outro, banheiro, mais bolinhas de papel... Parecia até um Clube de Desesperadas!
Enfim, eis que chega o grande convidado da noite e eu escuto: "Calma Grazi, calma Grazi, calma Grazi!"Na mesa hora olha pra mesa e vejo muitas, muitas bolinhas de papel. Pequenas e minuciosamente amassadas, não resisti e comecei a rir. Ri mais ainda quando a surtada jogou as bolinhas no chão! rs
Pergunto: Seria eu a menos nervosa? É bem provável! O fato é que quanto mais tempo passamos juntas, mais cúmplices ficamos. Pude observar outra coisa também, estamos "compaixonadas". Eu explico: para nós, ocidentais cristianizados, a palavra compaixão virou sinônimo de pena (eca bixuuuuuuuuu!!); em seu sentido original, aquele que antecede o nascimento do suposto filho de deus, compaixão é "sentir com", significa compartilha um sentimento com outra pessoa e, é nesse sentido que digo que estamos "compaixanadas".
Mais que parceiras de crimes aprendemos a nos dividir e saber compartilhar nossos sentimentos. Os bons e os ruins! Isso me basta de tal forma que nem pretendo falar da suposta catastrófe, o melhor da noite, de novo, foram as minhas amigas!

PS: Triste, muito triste hoje! Eu sei viver com minha dor, mas não com a dor dos que amo. Uma amiga perde a mãe, minha mãe perde a cabeça e eu sigo... Tô cansada demais, minhas costas doem e definitivamente não consigo mais chorar.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Aeroporto. Segunda-feira. 17 hrs.

Essa semana começou de forma turbulenta e é bem provável que termine com mais movimentos ainda!
Primeiro, minha experiência antropólogica no forró! rs
Eu não gosto de forró, mas na minha nova fase "quase 30" tenho buscado sair do meu radicalismo xiita xaata, para me permitir novas experiências. Devo dizer que o saldo final positivo.
Ri muito, estava acompanhada de bons amigos, arrumei uma tretinha básica e, pasmem: dancei!! Não foi aquela coisa toda de gira pra cá, gira pra lá, bate pézinho, polichinelo, mata-leão mas, foi uma dança. O famoso dois pra cá, dois pra lá mesclava-se com o também famoso um pra frente, um pra trás. Foi engraçado! Com certeza foi um bom domingo!
O melhor veio no dia seguinte. Semana passada recebi duas mensagens com a mesma informação:
"Aeroporto. Segunda - feira (08/09). 17 hrs. Hamiga está chegando". É óbvio que tive um treco colorido quando li. E é mais óbvio ainda que mesmo me divertindo no domingo, tudo que eu mais queria era a bendita segunda.
Aiiiiiiiii.... Totalmente sem palavras! Estava tão ansiosa para vê-la, que nem a vi passar pra pegar as malas... Não sei explicar direito, mas esperar ela aparecer depois que a mocinha anunciou a chegada do avião, foi simplesmente terrível!!
Eu realmente amo minha hamiga linda, porque até borboletas sobrevoaram meu estomâgo na ânsia de vê-la novamente... Deixei umas lágrimas caírem, mesmo depois da minha auto proibição de chorar.
Creio que ontem foi o melhor dia desse infeliz ano. Ela voltou mais linda e com certeza na hora certa: um dia antes da suposta tragédia (que deve ocorrer mais tarde). Para as minhas manias e dengos isso é fundamental. Pelo menos dessa vez não precisarei contar a ela tudo que aconteceu por depoimento.
Vou poder ouvir o famoso "putz grazi!" e ganhar um abraço depois. Enquanto isso sigo ansiosa esperando os dias dessa semana acontecer...

PS: Esse ano tem sido muito difícil pra mim. Perdas e danos. Perdas e danos. Perdas e danos. Tive bons dias e ainda os tenho mas, a grande verdade é que a felicidade tem passado muito longe da minha porta. Eu sempre fui de guardar minhas emoções (minha gastrite que o diga), mas mesmo me fechando sabia chorar. Agora desaprendi o caminho das lágrimas. Quero chorar e não consigo. Tenho medo de desabar, de me desfazer em lágrimas: pessoas cansadas não choram! A minha disposição emana dos meus amigos sem eles, provavelmente, me tornaria refém da minha casa e já teria desistido de lutar. Eu só agradeço e sigo amando, todos eles!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Fragmentos de diários do passado - I

O cenário era o mais comum. Um prédio antigo, pintado de branco e azul com pedras pretas na frente. Seu formato lembrava um castelo, com janelas altas e pequenas, portas em locais estranhos, rampas, escadas. Talvez a magia do lugar permitisse que todos ali se considerassem príncipes e princesas... Pequenos príncipes e pequenas princesas...

As memórias do castelo eram boas... Há quem diga que passamos a vida toda tentando superar ou entender os eventos da infância, mas para uma mulher de quase 30 anos isso não fazia mais sentido!

É fato que parte de sua personalidade agressiva e masculinizada havia se formado no castelo. Ela deveria ser princesa, mas muitos desconfiavam...

Na infância de fábulas estava longe de ser a mais bonita. Era magrela, pernas e braços tortos, totalmente desengonçada! Seu senso de vaidade era muito próximo da comédia!

Adorava as piadas e os jogos dos meninos... Era óbvio que ninguém enxergava uma princesa, nem ela. As verdadeiras princesas não cansavam de debochar da outra feia e torta. A outra, com toda elegância sempre respondia: “Ah, vai pra merda!”

Desse modo ela ia nos piques, aventuras e futebóis da vida... Era praticamente uma líder de gangue... Subia e descia morros, tocava numa bandinha, batia, corria, chorava e ainda colecionava playmobil e comandos em ação... Pobre princesa!

Infelizmente a ingenuidade e docilidade da infância é curta. A falsa princesa entrou na puberdade... Nasceram peitos! Coitada! Ela não tinha orgulho daquilo! Antes era digna de respeito, agora virara motivo de chacota entre seus companheiros de primeiras farras... Era a primeira vez que o mundo masculino lhe parecia estranho. Agora, lembrando desse momento, ela poderia jurar que sua entrada no mundo feminino se fez no rompimento com o universo masculino que sempre a fascinara. Afinal de contas, peitinho é coisa de mulherzinha!

Ela ria lembrando desses acontecimentos, mas não podia deixar de ficar triste por também lembrar que naquela época ainda não sabia ser mulher...

Ela era uma coisa com peitos, que se comportava como um molequinho, mas tinha corpo de mulher!

Separar-se do universo masculino provocou um vácuo que foi preenchido com outro sentimento: a paixão. A paixão que pela primeira vez não era pelas brincadeiras e piadas, mas por um representante daquele modo de vida. Hoje ela sabe que jamais conseguirá se libertar do mundo masculino, naquela época ainda não sabia...

Frio na barriga, falta de ar, faniquitos...Que diabos era aquilo? Pela primeira vez olhou-se no espelho e sentiu-se profundamente incomodada por lhe faltar beleza... As princesas da infância ressurgiram ainda mais belas, loiras e rosa... A antiga gangue toda seduzida por princesas que sempre era assunto de suas piadas... Ela não entendia aquilo!

Lamentava não ter sido uma princesa... Pelo menos naquela época!

Foi amargo o gosto dos primeiros foras...Mas ela teve tempo de aprender, ainda naqueles tempos, que os homens gostam de princesas: mulheres encasteladas, distantes, frágeis, problemáticas e cheias de rendas e tricôs!