As memórias do castelo eram boas... Há quem diga que passamos a vida toda tentando superar ou entender os eventos da infância, mas para uma mulher de quase 30 anos isso não fazia mais sentido!
É fato que parte de sua personalidade agressiva e masculinizada havia se formado no castelo. Ela deveria ser princesa, mas muitos desconfiavam...
Na infância de fábulas estava longe de ser a mais bonita. Era magrela, pernas e braços tortos, totalmente desengonçada! Seu senso de vaidade era muito próximo da comédia!
Adorava as piadas e os jogos dos meninos... Era óbvio que ninguém enxergava uma princesa, nem ela. As verdadeiras princesas não cansavam de debochar da outra feia e torta. A outra, com toda elegância sempre respondia: “Ah, vai pra merda!”
Desse modo ela ia nos piques, aventuras e futebóis da vida... Era praticamente uma líder de gangue... Subia e descia morros, tocava numa bandinha, batia, corria, chorava e ainda colecionava playmobil e comandos em ação... Pobre princesa!
Infelizmente a ingenuidade e docilidade da infância é curta. A falsa princesa entrou na puberdade... Nasceram peitos! Coitada! Ela não tinha orgulho daquilo! Antes era digna de respeito, agora virara motivo de chacota entre seus companheiros de primeiras farras... Era a primeira vez que o mundo masculino lhe parecia estranho. Agora, lembrando desse momento, ela poderia jurar que sua entrada no mundo feminino se fez no rompimento com o universo masculino que sempre a fascinara. Afinal de contas, peitinho é coisa de mulherzinha!
Ela ria lembrando desses acontecimentos, mas não podia deixar de ficar triste por também lembrar que naquela época ainda não sabia ser mulher...
Ela era uma coisa com peitos, que se comportava como um molequinho, mas tinha corpo de mulher!
Separar-se do universo masculino provocou um vácuo que foi preenchido com outro sentimento: a paixão. A paixão que pela primeira vez não era pelas brincadeiras e piadas, mas por um representante daquele modo de vida. Hoje ela sabe que jamais conseguirá se libertar do mundo masculino, naquela época ainda não sabia...
Frio na barriga, falta de ar, faniquitos...Que diabos era aquilo? Pela primeira vez olhou-se no espelho e sentiu-se profundamente incomodada por lhe faltar beleza... As princesas da infância ressurgiram ainda mais belas, loiras e rosa... A antiga gangue toda seduzida por princesas que sempre era assunto de suas piadas... Ela não entendia aquilo!
Lamentava não ter sido uma princesa... Pelo menos naquela época!
Foi amargo o gosto dos primeiros foras...Mas ela teve tempo de aprender, ainda naqueles tempos, que os homens gostam de princesas: mulheres encasteladas, distantes, frágeis, problemáticas e cheias de rendas e tricôs!
3 comentários:
Passei por aqui, li e gostei da princesa. Um dia ela achará o sapo, se os olhos não a enganarem.
e nesse faz de conta a gente se dá bem... ou não! Dizem que pra todo pé torto tem um sapato velho.. acontece que a gente quer um sapato novo e de preferência sem salto! rs. Essa é a nossa vaidade... não somos as princesas rosas, brilhosas, coloridas e cheias de penduricalhos, mas somos mulheres, legítimas... e que venha um HOMEM que tenha postura de enfrentar isso...
Lindo post, me identifiquei muito, estava procurado no google, porque os homens preferem princesas.Meu ex vive me procurando mas namora uma princesinha 10 anos mais nova do que eu (21 e eu 31),estava me sentindo um pouco diminuída, apesar de ter conquistado tantas coisas maravilhosas...enfim, tô mais pra amazona do que pra princesa...não sei se gosto disso.
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